Por Sílvio Oricolli
Já de início, pinceladas geniais deixam claro que os versos multicores, “multissabores”, polifônicos, sonoros, eruditos – e mesmo enciclopédicos – tecem armadilhas para atrair e prender o leitor ávido por novidades poéticas em Um Poema Acontece. E se “acontece” é fenômeno que move o poeta criador e se realiza, e comove, o leitor/poeta.
Há ritmo, rimas inesperadas, temperadas de ousadia e originalidade (Ok/My Way), cortes cinematográficos, revisita e atualiza a história da arte, filosofia e ciência, referida em importantes atores de vários períodos.
Portanto, W.J. Solha, com a ousadia que é própria de um mestre, ratifica a história com informação, musicalidade e emoção, predicados que o acompanham em sua arte – teatro, cinema, artes plásticas e literatura.
Quem ganha com este novo livro de poemas é a literatura brasileira, que expande a estante de obras e autores magistrais. E o leitor é o mais beneficiado por dispor de um livro repleto de pérolas, como
Os bois não veem no aboio
agouro
de matadouro
ou ainda
(…)
vendo,
triste,
( pura demência ),
toda aquela gente indiferente
não à minha presença,
mas à minha
ausência.
Com Um Poema Acontece, Solha pontua com brilhantismo sua trajetória de artista de múltiplas faces, com sacadas próprias para cada uma porém, com a tatuagem de seu estilo em todas, cujo tom maior é a originalidade.
