Por
Profª Drª Giselle Marques Camara
Pintaram (ou pintariam) as mulheres transeuntes das antigas polis gregas suas unhas de vermelho? Seria, para elas, o vermelho o tom da Hybris (“desmedida”)? Questionariam e/ou reivindicariam, as helenas do passado, valores e enquadramentos sociais semelhantes aos nossos, no mundo atual? São perguntas que podem ser levantadas ao colocarmos lado a lado realidades históricas tão distintas.
Somente o espírito inquieto de uma mulher como Cátia Moraes, se permite navegar atemporalmente pela história, tecendo um fio de união entre nós e elas, ao quebrar as barreiras de espaços físicos e socioculturais. Ao resgatar protagonistas, como Aspásia de Mileto, definidoras de jogos políticos e orientadoras de grandes mentes masculinas na Antiguidade as fazendo dialogar conosco, mulheres globais, amparadas e munidas de direitos civis e políticos impensáveis outrora, a autora traz reflexões contemporâneas sobre a antiguidade, que questionam o imaginário sobre a passividade das helenas frente às grandes questões políticas e sociais que lhes foram contemporâneas.
Divinas & Malvadas, revela, outrossim, a liberdade de sua escrita, que percorre a prosa, o teatro, a erudição acadêmica como uma dança ousada, leve e sensual. Que a leitura seja brinde e convite ao deleite, sem julgamentos, de nossa soberania para exercer com inteireza os prazeres carnais, mentais e espirituais!