Centenário de Sabino Rolim Guimarães

Por Francisco Sales Cartaxo Rolim

No próximo dia 28, segunda-feira, Sabino Rolim Guimarães faria 100 anos. Faleceu em março de 2002, deixando muita saudade. Passagens de sua longa vida, de mais de 81 anos, são agora recordadas em textos, escritos por familiares e amigos. Junto com fotos, eles compõem o livro, Centenário de nascimento: Sabino Rolim Guimarães. Assim mesmo, sóbrio, tal como ele gostaria que fosse. Mas repleto de emoções.

O volume tem duas partes.

A primeira contém depoimentos de descendentes diretos de Sabino. Filho, filhas, neto e netas. Todos, menos da única bisneta, ainda criança. Permeados de saudade do pai e avô, com pluralidade de olhares e de linguagem. Escritos em jeito de crônica, salvo um poemeto. Todos, uns mais do que outros, encerram lições de vida, derivadas da convivência familiar. Esses textos íntimos, somam-se a três outros, compondo a primeira parte do livro. Um deles, assinado por Saulo Péricles (Pepé), quase se enquadra na categoria intimista, tão estreitos foram os laços pessoais entre os dois, facilitados, aliás, pelo parentesco e vizinhança.

A contribuição de Abdiel de Souza Rolim realça aspectos da trajetória do amigo, em múltiplas facetas: do pioneiro oftalmologista e otorrinolaringologista, ao fundador do Rotary Clubde Cajazeiras, à sociabilidade do político, passando pelo chefe de família, o pecuarista e intelectual, que foi Sabino Guimarães. O testemunho de Abdiel cresce de significado mercê de sua condição de adversário político, em situações específicas da história de Cajazeiras. Abdiel não deixou à margem, também, a importância da presença de Joana Cartaxo Guimarães no curso da vida de Sabino, sendo responsável, em boa dosagem, pelo equilíbrio do pai, do médico e do político.

Completa a primeira parte, o bem estruturado depoimento do monsenhor Gervásio Fernandes de Queiroga, que não se ateve a exaltar os laços de amizade construídos com Sabino. Foi mais longe. Traçou um original cenário de Cajazeiras, no terceiro quartel do século XX, a partir de sua privilegiada vivência sacerdotal, em momentos cruciais da Igreja Católica. Disso, padre Gervásio fala com notória lucidez, independência e a segurança de quem pisa em chão firme. Assim, ele redesenha a acanhada Cajazeiras dos meados do século XX, em nostálgico registro da vida urbana, além de fazer pertinentes observações acerca de personagens de nossa história. Padre Gervásio, que privou da convivência do casal, faz uma avaliação magistral da união entre Sabino e Joaninha, anotando seus reflexos positivos na educação da família.

A segunda parte traz dois ensaios.

O historiador José Octávio de Arruda Mello, que cultivou amizade com Sabino, apesar da curta e intermitente convivência, analisa a evolução política de Cajazeiras, no período 1945/1959. Nessa época, Sabino fez duas incursões eleitorais, levado por circunstâncias político-partidárias a disputar eleição de vice-prefeito e prefeito. José Octávio foca seu olhar no entrelaçamento das forças familiares e políticas cajazeirenses, na fase áurea da popularidade de Otacílio Jurema. O outro ensaio, escrito por mim, aborda peculiaridades da vida de Sabino, as raízes genealógicas e as influências ideológicas incorporadas a sua formação política, robustecida no efervescente clima do Recife no tempo da ditadura Vargas.

Xô pandemia… Feliz Natal

P S – O livro, de 114 páginas, impresso na Gráfica Real, terá lançamento virtual,via Instagram, pela Arribaçã Editora, no dia 28, a partir das 18 horas.

 

(Francisco Sales Cartaxo Rolim é presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras e organizador do livro “Centenário de nascimento: Sabino Rolim Guimarães”, junto com Sabino Rolim Guimarães Filho)

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