‘Os ditos do quiçá’

Por Vitória Lima

 

“A certeza da finitude nos leva a

divagações.”

(Adhailton Lacet Porto)

 

 

Estava eu entre distraída e atenta, sentada na cadeira de balanço (herança da minha mãe) na varanda da minha casa, no Miramar, em João Pessoa, meu costumeiro posto de observação – de onde vejo passar todos que transitam pela minha rua, sejam eles, pessoas, animais, carros, cavalos. carroças, motocicletas, patinetes, patins, bicicletas, pedestres, procissões, etc. – quando vejo um automóvel estacionar rente à minha calçada. Um homem desconhecido saltou do carro e acenou para que eu fosse até o portão.

Fui até lá e logo em seguida, vi descer do mesmo automóvel um elegante senhor, bem escanhoado, até então desconhecido para mim. Tratava-se de Adhailton Lacet Porto,

Paraibano de João Pessoa, mais precisamente, do Varadouro, bairro onde viveu por 21 anos, cujos textos acompanho semanalmente pelo Jornal A União e que, naquele dia, vinha me  trazer o seu livro “Os Ditos do Quiçá” (2022) cuidadosamente editado pela Editora Arribaçã  (Cajazeiras-PB), e que ainda estou a ler, com mucho gusto.

A Paraíba é assim: autônoma, independente. Não só de autores vive ela, mas também está cheia de boas editoras, como a Arribaçã de Linaldo Guedes e Lenilson Oliveira, e a Escaleras (que fechou suas portas recentemente), de Débora Gil Panteleão, só para citar duas, mas há outras igualmente boas como a Ideia, a Editora A União, a Eduepb e a Editora da UFPB, só para citar algumas.

Trata-se da segunda edição de um livro de crônicas (89, ao todo), enfocando assuntos variados, como é característico dos livros de crônicas. As orelhas do livro são assinadas pelo poeta e editor Linaldo Guedes, a apresentação foi feita pelo escritor, músico, jornalista e magistrado Hermance Guedes Pereira e encerrando o volume, há uma nota biográfica sobre o autor. O livro é salpicado de referências e citações que recriam o imaginário poético/sentimental do autor, como é o caso desta, de Manoel Bandeira que ora passo a transcrever:

Agora, o que pouca gente sabe é que Bandeira também fez um poema, não para o

campo dos persas, mas para a nossa querida cidade portuária Cabedelo, em 1928. Foi no

espojeiro de minhas leituras que me deparei com estes versos:

“Viagem à roda do mundo / Numa casquinha de noz: Estive em Cabedelo / O

macaco me ofereceu cocos. / Ó maninha, ó maninha / Tu não estavas comigo!…Estavas?”

(In Libertinagem) (Sobre Pasárgada e Cabedelo, Adhailton Lecet, in “Os ditos do Quiçá”, p. 189)

 

(Vitória Lima é poeta paraibana. O texto acima foi publicado no jornal A União, edição de 4 de maio de 2022)

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