Sobre Os cachinhos de Mili

Por Angelina Farias

Os cachinhos de Mili (2020): Editado pela Arribaçã, ilustrado por Ingrid Stephane de Oliveira (que além de fazer uso da aquarela para oferecer o viés da leitura por meio das cores e traços às histórias, é ainda professora de Inglês).

E quem criou e nos presenteia com a narrativa sobre Mili e seus cachos é a Lucione Andriola (graduada em Psicologia, especialista em Psicologia da Infância e Adolescência), nascida em Cajazeiras, mas se radica no Cariri Cearense desde 2004, onde atua como psicóloga nas áreas de saúde Mental e Atendimento Clínico Infantil.

E por ser mamãe de duas (Marias, a Yasmin e Isabelle) cacheadas, vem trazer no ínterim das vicissitudes diárias, o universo singular guiado por escolha e auto afirmação, nos apresenta uma menina muito esperta e que chama atenção para um tema tão discutido principalmente pelo público feminino que é o cabelo. Dentro de uma cultura da beleza, da estética, a discussão que a narrativa aborda traz a identidade, a naturalidade dos fios que é particular, multi, diversa, e acima de tudo, digna de respeito pelo valor humano transcendental que pode ser carregado, pode ser compreendido desde criança. E que de fato, nos compõe, nos constitue, e que somos belos (as) com nosso cabelo (como diz Mili: “Black Power”).

A ruptura entre a repulsa e o aceite para com os fios de Mili ocorre através de vários elementos, como o diálogo (entre mãe e filha), do uso da magia (que a autora acrescenta por meio da “Fadinha da Floresta”), mas, para além disso tudo, temos o cuidado e amor, essenciais para que todo e qualquer objeção seja ela infantil ou não possa ser sanada, né mesmo!?.

O livro consegue construir esse caminho e nos leva a entender a diversidade enquanto beleza a partir dos fios e que todos eles são lindos justamente por serem plurais. Mili aprende e a gente aprende junto, uma história atual e encantadora.

 

(texto publicado no Instagram de Angelina em 8 de junho de 2021)

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