Um Senhor cronista

A crônica sempre foi considerada um gênero menor, no âmbito da literatura produzida no Brasil. No entanto, produziu grandes escritores que até hoje são referências na literatura nacional, o que prova o seu vigor, à despeito do olhar de soslaio de parte da crítica literária. Fazer com que um livro de crônicas chegue a uma segunda edição em tão pouco tempo após a publicação da primeira, é tarefa que cabe a poucos que dominam esse mister. Adhailton Lacet está entre esses poucos. Tanto assim que, publicado em 2020, “Os ditos do Quiçá” retorna agora em segunda edição.

Com um estilo que vai do lirismo de Rubem Braga, autor inclusive citado na obra, à ironia e o diálogo com o leitor de Machado de Assis, Adhailton Lacet Porto, para quem não sabe, publica crônicas na imprensa paraibana e pernambucana, sendo colaborador do Diário de Pernambuco. Em seus textos, aborda os mais diversos assuntos, como literatura, cotidiano, arte e cultura, universo feminino, entre outros.

“Os ditos do Quiçá” tem crônicas inéditas e outras publicadas em jornais paraibanos e pernambucanos. “É um livro que trata de temas variados e atemporais, que pode ser lido de trás para frente, de frente para trás. É um livro agradável de ler”, definiu o autor.

Para Hermance Gomes Pereira, escritor, músico e magistrado, o fato de ser leitor voraz desde a mais tenra idade faz com que Lacet navegue com segurança de canoeiro velho pela literatura clássica e contemporânea, brasileira e mundial, discutindo Albert Camus e José Lins do Rêgo com igual desenvoltura, sobrando tempo e qualidade para discorrer sobre o imaginário de Tolstói e a poética de Augusto dos Anjos.

O jornalista Kubitschek Pinheiro diz que os textos reunidos por Lacet no livro têm o poder de oferecer a quem mostra interesse na obra e que possa nem ter sido lido no jornal, mas queria vê-los reunidos num livro.

São opiniões abalizadas, que apenas retratam o quanto a obra de Lacet merece ser lida com muita atenção, mas sobretudo com a leveza que uma boa crônica requer. A impressão que se tem é que a crônica paraibana parou em Gonzaga Rodrigues. De fato, Gonzaga continua sendo nosso cronista maior, mas não paramos nele. Vários cronistas (de ambos os sexos) vêm ocupando espaço na imprensa paraibana e renovando esse gênero, Adhailton Lacet está entre esses nomes. Não à toa que exemplares da primeira edição do seu livro, também publicada pela Arribaçã, foram adquiridos pelo IFPB de João Pessoa.

 

Linaldo Guedes

Editor

 

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