DE OLHO NA ESTANTE: Bráulio Tavares “A fonte dos relâmpagos” de um Dylan borboremaico

Por Johniere Alves Ribeiro

 

“Um Nordeste Independente”, um sonho em letra de canção. “ Raio da Silibrina”, como um mote na mente do povo. Ou mesmo na afirmação de que “ Meu nome é Trupizupe”. Ou ainda na sua “… máquina bastarda feita de dobradiças e enzimas” e grita suas “metonímias e quarks e transistores e estames” é que mallha, que talha as multiformas de um certo Bráulio, um quase “Andarilho Ramon”. Mas é certo que é um Dylan borboremaico.

Cada expressão dessa é uma referência a esse escritor campinense que orgulha sua terra-mãe. Creio que seja pouco para nomear Bráulio Tavares e preencher seu cartão de visita para quem não o conhece. Bráulio é intelectual buliçoso, que sabe circular entre mundos: o da música, o da pesquisa, o campo dos violeiros, o da ficção científica, o dos folhetos de feira, o da crônica, o do ensaio… E por falar em mundos ele também foi tradutor de H.G. Wells, famoso escritor britânico do clássico da ficção científica “A guerra dos mundos”. É mundo que não cabe no mundo desse texto.

É com esse cabedal reconhecido no nosso país e fora dele que Bráulio chega a Arribaçã, mais um acerto dessa editora tão jovem no campo editorial. Dessa vez, com um título que impressiona: “A fonte dos relâmpagos”, que demonstra a capacidade do letrista campinense em elaborar inusitadas combinações lexicais para criar uma titulação que atraia o olhar do leitor. Nesse livro, tal qual seu autor, temos dificuldade de classificá-lo, se é que preciso ler, termos sempre que encaixotar livros em nomenclaturas. Isto porque o livro é uma miscelânea de gêneros que vão desde a crônica, relatos, ensaios, causos vividos por ele, etc. A obra aqui em questão versa sobre os mais variados temas que circunda a frutífera carreira de Bráulio Tavares,

Nesse sentido, “A fonte dos relâmpagos” é caminhar em torno de motes, violas, poesia e conceitos literários preponderantes aos construtos oral e escrito da Literatura, mas sempre com bom humor e com uma linguagem sempre poética, leve, objetiva e que chega sem problema a quem se depara com esse livro. Zé Limeira (o poeta do absurdo), João Furiba, Astier Basílio, José Alves Sobrinho, Leandro Gomes de Barros (o pai do cordel), Jackson do Pandeiro, João Melchiades/José Camelo e a polêmica em torno do “Romance do Pavão Misterioso”; chegando até ao debate de cordel em Cuba. Desse modo, estamos diante de um verdadeiro dilúvio de assunto presente em “ A fonte dos relâmpagos”. Por isso, o DE OLHO NA ESTANTE indica a leitura dessa obra que nos chega pelas mãos da Arribaçã.

 

Johniere Alves Ribeiro é professor-doutor e resenhista parceiro da Arribaçã. O texto acima foi publicado na seção “DE OLHO NA ESTANTE”, em seu perfil no instagram: @johniere81

 

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O livro “A fonte dos relâmpagos”, de Braulio Tavares, pode ser adquirido no site da Arribaçã, no seguinte link: http://www.arribacaeditora.com.br/a-fonte-dos-relampagos/

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