O enlevo da poesia de Emília

Por Lenilson Oliveira*

São vários os sinais – e por isto o título do livro – que permeiam a poética de Emília Guerra, entre eles o da saudade de sua Esperança (PB), onde nasceu e viveu sua infância, manifestada algumas vezes de forma direta, com a evocação de cenários, pessoas e situações, ou indiretamente, como se o subconsciente da poeta teimasse em permanecer na sua cidade de origem, até quando se lembra de cheiro da terra molhada. Em “Infância”, ela diz:

“Só não quebro o encanto

Das lembranças de Esperança

Minha aldeia, minha infância

Terra que mora em mim”

João Pessoa, que a acolheu, é cantada nas páginas de “Sinais”, seja pela correria nas suas “ruas e vielas, avenidas e passarelas”, pelas suas belezas e história ou mesmo pelo sentimento de gratidão, assim como a cidade de Guarabira, onde também residiu.

Os sinais do Divino, do sagrado – religiosa que se mostra -, são marcas fortes da poesia de Emília, que transporta sua fé para as páginas do livro que ora nos chega às mãos, sem qualquer receio de censura. Sua busca por Deus, para se completar como ser humano, falando sobre coisas da alma, de angústias, de caminhos a trilhar, estão presentes nos seus versos, como em:

“Corrigir alguns arrependimentos

Dos pedaços descompassados         

Exausta de uma luta insana”

A metalinguagem é outro ponto presente nos versos de Emília Guerra. No melhor estilo de Manuel Bandeira em “Desencanto”, quando ele diz “Meu verso é sangue. Volúpia ardente…”, a poeta esperancense desnuda o seu processo de construção:

“Vejo tudo o que quero ver

Na controvérsia poética

Na cadência do meu coração

No apelo dos meus ais”

O amor, nas suas mais variadas formas e nuances concretas e abstratas, não foi esquecido nas páginas de “Sinais”: desilusão, saudade, paixão… “Quem acredita nos dias sem beijos?”, indaga a si própria e aos que a leem.

“Sinto o cheiro do jardim

E perambulo dentro de mim

Eliminando flores murchas”

Com os versos acima, a poeta resume o sentimento de liberdade, de busca por si mesma, de esvaziar a alma de aflições e fazer uma “travessia” – metáfora bastante recorrente na sua poética – com a leveza que devemos todos nós.

Por fim, fica o convite da poeta paraibana, que vive com um pé nas reminiscências de sua Esperança e outro na balbúrdia de João Pessoa, sem perder de vista a missão da poesia, que é de enlevar quem a lê:

“Psiu! Olhe aqui

As palavras

Que escrevi!”

(*) Poeta, jornalista e editor. Texto das orelhas do livro “Sinais”, de Emília Guerra, Arribaçã Editora, 2019

2 comentários em “O enlevo da poesia de Emília

  1. Perfeita Análise do Livro ” SINAIS”, que grafo em Letras Maiúsculas da Renomada Professora e Poetisa Emília Guerra elaborada pelo Poeta, Jornalista e Editor Lenilson Oliveira. Eu reputo o Livro como o mais Importante da Carreira exitosa de Emília Guerra. Poemas de Reflexões sobre a sua Vida, o seu Amor a Valores importantes como a sua Cidade de Nascimento Esperança – Estado da Paraíba, a Família, a Cidade de João Pessoa que a acolheu e variados Temas que fluem como água límpida da sua Usina Poética.

    ” Só não quebro o encanto
    Das lembranças de Esperança
    Minha aldeia, minha infância
    Terra que mora em mim”

    A Editora Arribaçã dedicou ao Livro o carinho que todo Poeta, Escritor espera e merece: Impecável Projeto Editorial e Divulgação. O Lançamento será em Evento na Livraria do Luis, em João Pessoa – Paraíba , Centro, no Dia 27 de julho de 2019, às 10 horas. E eu, Carlos René Oliveira, Escritor, estarei presente. Brasília – Distrito Federal – Brasil, 30 de junho de 2019.

  2. O mergulho crítico literário do poeta jornalista Lenilson Oliveira nos dá sinais da profundidade da obra escrita pela poetisa Emilia Guerra nos permeando de curiosidade atiçada pelo olhar magistral do editor.

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