Por uma mídia sem violação aos direitos

Por Lucilene Meireles

 

“A desinformação e a violação aos direitos humanos das mulheres: Um estudo de caso sobre o programa Alerta Nacional” (Editora Arribaçã, 248 páginas) é fruto da dissertação de conclusão do Mestrado em Comunicação da jornalista Mabel Dias dos Santos, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e, para que o trabalho seja publicado, a autora está realizando uma campanha de pré-venda via internet que segue até 30 de junho. Mais informações através do site Catarse, no qual está acontecendo a campanha (www.catarse.me).

A obra lança um olhar crítico sobre os programas policialescos veiculados nos canais de televisão no Brasil, em especial o Alerta Nacional, que era apresentado por Sikera Júnior. O foco é a maneira como são representados os

conteúdos relacionados à violência de gênero, buscando identificar se o programa desinforma sobre os direitos humanos das mulheres.

Mabel Dias conta que a ideia da pesquisa era de saber se estes programas violam os direitos humanos das mulheres e se há desinformação sobre eles. “Analisando o programa e as reportagens que eram exibidas sobre violência contra a mulher, eu pude perceber que o apresentador sempre culpabilzava as vítimas pela violência que sofriam e nunca havia informações sobre onde a mulher podia encontrar ajuda”, observa a autora.

Em uma das 10 reportagens que analisou, ela relata que o apresentador

Sikera Júnior noticiou o crime de feminicídio – sem usar esse termo – de maneira jocosa. A mulher havia sido assassinada e esquartejada, seu corpo colocado dentro de um baú e jogado na estrada, crime que aconteceu no Piauí. Ela também observa que os entrevistados eram só policiais e delegados, dando uma visão parcial da situação.

“Sabemos que no jornalismo é importante ouvir o maior número de fontes. A intenção é chamar a atenção da sociedade para este tipo de programa e os prejuízos que eles causam para a compreensão do que são os direitos humanos e os preconceitos que disseminam”, comenta. Os preconceitos passam por machismo, racismo, LGBTfobia. Para Mabel, esse cenário prejudica a prática jornalística porque não segue as regras básicas do fazer jornalístico, uma conjuntura que pode gerar desinformação para o público que ainda não possui uma análise crítica sobre os meios de comunicação.

A autora, que não queria deixar esse trabalho apenas no campo acadêmico, enviou a dissertação para o jornalista e editor Linaldo Guedes, que gostou do que leu e sugeriu que fosse publicado. “Eu queria que outras pessoas fora da academia tivessem acesso ao que pesquisei no mestrado, pois considero importante que a sociedade conheça os prejuízos causados pelos programas policialescos e possamos atuar em conjunto para uma mídia sem violação de direitos”, afirmou.

Mabel Dias dos Santos explicou que o livro será publicado em formato impresso e quem entrar na campanha de pré-venda até o dia até 30 de junho garantirá o seu. A campanha é para garantir que o livro possa ir para a gráfica, pois no Brasil, como constata a jornalista, publicar livro ainda é caro. “Então, Linaldo teve esta ideia e estamos aí na luta para que o livro seja publicado”.

A editora Arribaçã, coordenada por Linaldo Guedes e Lenilson Oliveira,

fica responsável pela edição e publicação, com o selo Anayde Beiriz, onde Mabel Dias é curadora.

 

Sobre a iniciativa

Até o fechamento desta edição, a iniciativa estava acima de 34% para a

renda final de publicação. Mabel Dias lamenta que ainda não conseguiu metade do recurso para que o livro seja publicado. Ampliar a divulgação da pré-venda, segundo ela, é essencial para que mais pessoas tenham conhecimento da campanha e possam comprar o livro.

“Quero levar esta discussão para a sociedade, não só para a academia, para a universidade e conto com o apoio de todas as pessoas para que ajudem na publicação do livro, escrito por uma mulher jornalista, pesquisadora e que  almeja viajar pelo Brasil discutindo sobre desinformação e meios de combate às violações de direitos humanos das mulheres”, acrescenta ela.

Na campanha virtual, as contribuições são a partir de R$ 50 e, além do exemplar autografado do livro de Mabel Dias, o comprador recebe marca-página e ainda o frete grátis. Além da obra “A desinformação e a violação aos direitos humanos das mulheres”, o leitor ou a leitora poderá optar em adquirir junto outras publicações da editora de Cajazeiras (PB) através das recompensas, como a antologia “As Mulheres Poetas na Literatura Brasileira”, organizada por Rubens Jardim, a coletânea de contos “Solidão”, da poeta e ficcionista Clara Baccarin, ou o livro “Coração Arlequim”, reunindo poemas da Márcia Sanchez Luz, todos acompanhados de marca-páginas personalizados.

 

 

Matéria publicada no jornal A União em 23 de maio de 2023

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