Por Sebastião Formiga

 

O livro “(Re)verso da palavra”, de Rony Santos, aborda a temática de vidas nas calçadas, nos oferece uma incrível leitura reflexiva da vida do homem no habitar sedentário das cidades e todas as mazelas que a vida em sociedade possa ter/oferecer… Se não todas, uma grande parte, mas nenhuma linha social escapa do seu legado como vida e viver ao passar pelas ruas.

Reverso: revirado, oposto, abstrato ou concreto nos versos dos poemas. A palavra é a rua decomposta, lugar destinado à circulação de pedestres, livre ao seu trafego habitual, mas ecoam gritos de socorro…

Vemos em suas poesias um mundo familiar, social, cultural e financeiro presentes onde o fazer de uma sociedade desigual se rasteja nos espaços da cidade revelando seus mundos, seja as  vítimas ou algozes, crianças e seus suplícios aspirando vida e viver; seja as mães, mulheres, prostitutas, jovens, idosas, homens, camelôs, vendilhões, trabalhadores e seus predicados mais pecaminosos que buscam saídas almejadas e nem sempre conseguem, mas deixam suas marcas de dor e sofrimento no rastejar suplicante a um único ser que possa ouvi-las: Deus.

Importante ressaltar a grandeza de um poeta que se coloca nos lugares de pertencimento das personagens em construção, revelando seus mundos e conflitos, vitimando e sendo vítima de uma construção social desastrosa. Retratando bem o mundo social em que estamos inseridos. A poética até ameniza tamanho caos que a vida real nos mostra no dia a dia, mas revela e exalta a dor dos que, em sã consciência, sabem de tudo e se veem impotente diante dos fatos, por ser uma massa em litígio de miséria e abandono.

A poesia e poética se fazem presentes, ora impondo um tom rude, ríspido como metáfora das circunstâncias das personagens enunciados; outras exalando leveza, paisagens e sons que esgarçam o tempo e o viver…

Passado e presente se fundem nas lembranças de um garoto que cresceu e viveu olhando o mundo com os valores da alma. Um valor imensurável para os novos tempos em redes sociais com cancelamentos e dancinhas no Tik-Tok onde possivelmente estejamos redesenhando novos rumos para as calçadas, porém com as mesmas mazelas…  Socorro! Protejam-se! Não vão para as calçadas. Transformem-nas.

 

João Pessoa, setembro de 2023

Sebastião Formiga – Ator, diretor, roteirista e produtor

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O livro “(Re)verso da palavra”, de Rony Santos, pode ser adquirido AQUI